A Inteligência Artificial não vai substituir o humano, mas falta avisar a chefia!
Esse mês eu participei do WebSummit Lisboa e o grande tema do evento foi Inteligência Artificial. Durante três dias, a programação estava tomada de palestras que abordavam diversos aspectos do assunto, desde aplicações práticas, inovações até regulamentação (esse último tópico foi amplamente discutido).
Nessa edição aconteceu uma coisa um pouco inusitada: por conta de umas desavenças com o ex-CEO da WebSummit, algumas big techs não estiveram no evento (não tinha Google, Meta, Amazon, TikTok...) e o que parecia ser uma grande perda em termos de conteúdo, no fim acabou virando uma grande oportunidade para discutir o que esses monopólios não têm feito para contribuir com uma internet de mais qualidade, com mais transparência dos dados e com um uso mais adequado da Inteligência Artificial.
Na quinta-feira (30), às 19h30min, eu vou fazer um workshop sobre inovações e tendências do WebSummit Lisboa 2023 para os membros do Clube do Home Office, na nossa live no mês de novembro. Se você quiser, ainda dá tempo de entrar no clube e participar do nosso evento online na quinta-feira. Por R$ 15,92 por mês você pode participar das lives do Clube, do nosso grupo no Telegram e ainda recebe em casa adesivos exclusivos do Clube.
Mas nessa newsletter eu resolvi compartilhar uma das reflexões que vou fazer na quinta-feira, que foi o que mais me marcou de tudo o que ouvi no WebSummit Lisboa. Eu devo ter assistido, no mínimo, umas 10 palestras sobre Inteligência Artificial e em absolutamente TODAS elas, uma fala foi unanimidade: a IA não vai substituir o humano, não vai roubar o seu trabalho, nenhuma empresa vai sobreviver se trocar os funcionários pela Inteligência Artificial.
No primeiro momento, senti um grande alívio. Pensei: ufa, que bom que esse é discurso que está circulando no universo da inovação digital.
Mas os dias foram passando e eu comecei a observar melhor as pessoas que estavam participando do evento, as pessoas que estavam ouvindo e concordando com esse discurso e pensei novamente: pena que quem precisa ouvir essas falas não está por aqui.
Minha teoria pessoal é a seguinte:
Num primeiro momento de grande euforia com a Inteligência Artificial (com ChatGPT especialmente), se criou essa ideia de que TODO trabalho podia ser respondido/feito pela IA.
As pessoas começaram a testar e viram que de fato, algumas respostas vinham muito rapidamente. As pessoas começaram a pedir textos, planilhas, códigos de programação e legendas para as ferramentas de IA.
No meio do caminho, ficou bem evidente que a entrega de ferramentas com Inteligência Artificial ainda é muito limitada. Se eu não sei escrever, qualquer texto feito ChatGPT parece bom (mas pode não ser). Se eu não sei falar inglês, qualquer tradução feita pelo ChatGPT parece boa (mas pode não ser). Se eu não sei programar, pode parecer que pedir um código para o ChatGPT vai resolver meu problema (mas pode não resolver completamente).
No fim das contas, ficou evidente que uma ferramenta de Inteligência Artificial pode ajudar/acelerar o processo/apresentar alguns caminhos, mas precisamos de uma camada de conhecimento humano para validar e lapidar os resultados.
E foi nesse momento que todos os discursos passaram a ser voltados para: a Inteligência Artificial vai ser uma BOA ALIADA do trabalho desenvolvido pelo ser humano, mas não vai substituir.
Mas é aqui que entra minha pergunta de: será que as pessoas certas estão acompanhando esse desenvolvimento? Eu acho que não. Explico:
O empresário médio (que não gosta de gastar dinheiro com marketing, comunicação, pesquisa, desenvolvimento de produtos), essa pessoa já internalizou que dá para fazer TUDO com inteligência artificial. Porque ele foi em 2 ou 3 palestras sobre isso no ano passado e ele está focando em diminuir a equipe e automatizar tudo o que for possível.
Para o empresário médio, dono de uma empresa local, não importa muito saber que a Inteligência Artificial pode ajudar o funcionário dele a ficar menos sobrecarregado e trabalhar melhor. Por isso tenho visto que as equipes estão diminuindo, as pessoas estão ficando bastante sobrecarregadas e a única solução é usar Inteligência Artificial para tudo, para conseguir dar conta.
Em breve vamos começar a ver essas empresas perdendo desempenho (e dinheiro), porque vai começar a ficar tudo muito igual, muito padronizado, sem criatividade.
Talvez a gente tenha alguma chance dessa realidade mudar se esse discurso que vi no WebSummit começar a se espalhar pelo mercado empresarial brasileiro. Eu sei que muitas pessoas que vão para eventos como esses fazem muitas palestras e eu espero que esse discurso seja repetido muitas e muitas vezes.
Eu mesma estou preparando um material com essas e outras reflexões para compartilhar com todos os meus clientes. Penso que a gente precisa espalhar essa abordagem de uma Inteligência Artificial sendo utilizada como ferramenta e não como solução final.
Compartilho ainda algumas falas que mais me marcaram durante as palestras que ouvi no WebSummit:
Ainda não temos grandes cases de sucesso e vendas com Inteligência Artificial. Temos muito papo, muita teoria, muita explicação do que se pode fazer, mas um grande case de sucesso, ainda não temos. [por Micheal Treff, CEO da Code and Theory]
A Inteligência Artificial é MAIS UMA FERRAMENTA de trabalho e deve servir para ajudar as pessoas a ficarem menos sobrecarregadas. [por Simone Berry, CEO da POClab]
Estamos testando Inteligência Artificial na nossa empresa. Testamos e comparamos newsletters escritas por IA e por humanos. A escrita por humano sempre converte mais. [por Todd Olson, CEO da Pendo].
E aí, o que você acha sobre o futuro do trabalho com o desenvolvido da Inteligência Artificial? Concorda? Discorda? Quer complementar com alguma coisa? É só responder esse e-mail :)
Um abraço,
Marcia Breda
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