Morreu menino home office?
Ainda que algumas empresas insistam em retroceder, a verdade é que o home office se provou um grande aliado não só dos colaboradores, mas também das organizações que souberam adotá-lo com planejamento
Segunda-feira, por volta das 10h da manhã, cruzo com um vizinho na rua. É meu ex-colega de trabalho, que atualmente trabalha numa empresa que tem um modelo de home office bem estruturado. Nós dois, aproveitando toda a liberdade que o modelo flexível nos proporciona, nos abraçamos, falamos algumas amenidades e logo ele solta: home office morreu né? E ali, durante cinco minutos, comentamos como as vagas home office estão cada vez mais escassas, como as empresas estão chamando muita gente de volta para o presencial e o quanto é um privilégio ainda conseguir uma oportunidade dessas.
Isso aconteceu deve fazer cerca de um mês. Desde então eu já tive essa conversa com pelo menos umas cinco pessoas. Toda semana eu confirmo que alguma empresa está indo para o modelo híbrido, que uma vaga nova é 100% presencial, ou que algum diretor resolveu chamar todo o time de volta para o escritório.
Eu até fiquei esses dias sem fazer muito conteúdo, porque ocasionalmente me sinto pessoalmente atingida. Não tem nada a ver comigo claro, mas parece que o modelo que eu (e você provavelmente) adoro está sendo desprezado, rebaixado, reprovado - como se ele não tivesse dado certo.
Não é isso. Eu sei. Só é preciso pegar um pouco de fôlego novamente para voltar a defender as bandeiras que defendo por aqui desde 2015. E as modalidades remota e home office vão sempre existir, independente do CEO X ou Y gostar ou não.
Afinal de contas, basta qualquer problema básico nas estruturas de mobilidade das cidades para que os líderes liberem rapidamente o “home office” essa semana, não é mesmo? Choveu demais e não tem como chegar no escritório? Ahh, então trabalha de casa. A operadora de energia não conseguiu retomar a luz no prédio comercial? Então essa semana todo mundo pode fazer home office. A gente decidiu que vai voltar todo mundo pro escritório, mas por enquanto não tem mesa e cadeira pra todo mundo, então vamos deixando assim.
O home office não é novidade, mas sim uma realidade que já se estabeleceu. Antes mesmo da pandemia, muitas empresas já experimentavam modelos remotos ou híbridos, e os resultados eram claros: funcionários mais felizes, produtivos e engajados. A pandemia apenas acelerou o que já estava em movimento, mostrando que é possível trabalhar de forma eficiente sem estar preso a um escritório. Ainda que algumas empresas insistam em retroceder, a verdade é que o home office se provou um grande aliado não só dos colaboradores, mas também das organizações que souberam adotá-lo com planejamento e confiança.
E enquanto acompanhamos esse movimento, uma coisa é certa: boa parte dos funcionários seguem mais felizes em casa. Aos poucos, as empresas que insistem no presencial vão perceber que a felicidade e o bem-estar dos colaboradores deveriam ser pilares fundamentais para o sucesso de qualquer negócio. Mas, pelo visto, essa ainda não é uma prioridade para muitas delas.
O que estamos vendo, na prática, é que o discurso sobre "cuidar das pessoas" nem sempre (quase nunca) se traduz em ações reais. Enquanto isso, os funcionários seguem pagando o preço, trocando a flexibilidade e o conforto do home office por horas perdidas no trânsito, ambientes muitas vezes desmotivadores e a sensação de que sua produtividade e bem-estar valem menos do que a presença física em um escritório.
Até lá, vamos acompanhar de perto essa transição, torcendo para que o equilíbrio entre produtividade e qualidade de vida prevaleça. O futuro do trabalho não está escrito, mas uma coisa é clara: o home office já mostrou seu valor e não será abandonado.
Um abraço,
Marcia Breda
Se você gosta da News do Adoro Home Office, que tal compartilhar com um amigo?
Marcia,
Concordo com tudo que você escreveu neste seu desabafo.
E o povo do RH, hein? Aquela turma do "faça o que eu digo não faça o que eu faço"?
Bem, num país onde as leis são o começo de tudo - para o bem ou para o mal -, sugiro que nós, defensores convictos do home office, elejamos um deputado federal ou senador que chegue em Brasília com um projeto de lei debaixo do braço criando um percentual mínimo obrigatório de funcionários em home office, de acordo com o tamanho da empresa, tendo em vista a incapacidade do poder público de grantir que as populações das grandes cidades exerçam seu sagrado direito de ir vir - inclusive ao trabalho - sem escapar a nado de enchentes pelo caminho, se virar massa de nhoc apertado durante horas num transporte coletivo precário, ter seu celular assaltado na primeira esquina etc., etc., etc.
Seria melhor o bom senso dos empregadores, ao invés de algo vindo de cima para baixo.
Mas se for para depender apenas da Lei de Murphy, à espera de pandemias e afins, é melhor contar com o Legislativo, não acha?
Abraços,
Wagner Fonseca
Jornalista - São Paulo - SP
Sigo na esperança que o HO não morra de vez, já voltei obrigado para o presencial à dois anos, e não têm um único dia que não me sinta um pouco mais morto pro dentro, em um ambiente pesado, com pessoas ainda mais insatisfeitas que eu, porém que nunca tiverem a experiência que vivi, de trabalhar por três anos remoto, não há como voltar pra esse rotina feliz. Sigo todos os dias procurando vagas remotas, que além de poucas, agora são ainda mais concorridas, quem sabe as coisas mudam em um futuro próximo.