Esta semana, saiu no site do Adoro Home Office a notícia de que a Dell estaria condicionando a evolução da carreira dentro da empresa à presença no escritório. De acordo com o Business Insider, a empresa mudou de ideia recentemente e, mesmo depois de 10 anos incentivando o trabalho remoto, convocou todo mundo de volta para o presencial. E quem não for, vai ser prejudicado.
Se quiser, pode ler a matéria completa aqui.
Eu compartilhei esse assunto no Instagram e em menos de uma hora o reels já tinha quase 50 comentários. A maioria deles dizendo que entre trabalho remoto ou promoção, a escolha seria TRABALHO REMOTO.
Achei legal, pois já compartilhei muitas pesquisas por aqui que mostram que entre aumento de salário e benefício do home office, as pessoas ficam com o benefício. A última pesquisa que vi falando sobre isso foi a State of Remote Work 2023.
Mas será que as pessoas ainda querem ser promovidas?
Refletindo sobre o quão injusto seria quem está fora do escritório não ser promovido, lembrei de uma discussão recente que tive com amigas, sobre uma matéria que saiu na Forbes, dizendo que os jovens não estão interessados em cargos de liderança. Esse fenômeno tem nome e é chamado de Quiet Ambition.
A verdade é que se tornar um gerente ou gestor de pessoas pode significar um salário maior, mas também mais estresse e mais horas de trabalho. E as gerações mais novas parecem não querer essa troca.
E nem quem já está aproveitando a vantagem de não perder horas em deslocamento!
Depois disso, fiquei pensando: então são dois benefícios? Ficar no trabalho remoto e não precisar se preocupar em ser promovido.
Claro, a gente sabe que oficialmente não é isso e sim uma grande retaliação para fazer pressão para que os funcionários voltem para o escritório ou até peçam demissão, já que uma boa parte desse pessoal que está sendo pressionado foi contratado no modelo remoto e nem mora na cidade da empresa.
A Dell foi o exemplo usado na matéria do Business Insider, mas não é só ela não, viu? De acordo com uma pesquisa da Catho, 61% das empresas voltarão ao modelo presencial em 2024.
Uma matéria da BBC levantou os principais pontos pelos quais os CEOs querem todo mundo de volta no escritório. De forma resumida, as razões são:
- Estilo de liderança: algumas empresas adotam uma abordagem de gestão de linha dura, onde os líderes acreditam que o trabalho presencial é necessário para manter o controle sobre os funcionários e garantir o desempenho da empresa.
- Culto da personalidade: alguns CEOs, como Elon Musk e Jamie Dimon, adotam uma postura de exigir o retorno ao escritório, mostrando que a presença física é essencial para estar alinhado com a cultura da empresa e às expectativas dos líderes.
- Desejo de controle: em tempos de incerteza econômica, os executivos podem desejar mais controle sobre os funcionários, utilizando o retorno ao escritório como uma forma de reafirmar autoridade e responsabilizar os funcionários por qualquer desempenho insatisfatório da empresa.
- Pressões externas: CEOs podem sentir pressão para implementar medidas
radicais, como o retorno ao escritório, como uma forma de demonstrar aos acionistas que estão tomando medidas para manter a lucratividade da empresa, especialmente em situações de dificuldades financeiras.
- Arrogância: em alguns casos, a arrogância dos líderes pode levar à imposição de políticas que vão contra os desejos dos funcionários e as evidências apontadas por pesquisas, mesmo que isso possa resultar na perda de talentos e impactar negativamente o desempenho da empresa no longo prazo.
Para encerrar meus devaneios corporativos, tem uma métrica que não bate: enquanto as empresas já sabem que a matriz de valores das pessoas mudou muito para o consumo, dando mais valor para saúde, qualidade de vida e impacto social, por exemplo, as mesmas empresas não usam essa matriz de valores para os próprios colaboradores.
Será que vai colar por muito tempo essa máscara de empresas legais, preocupadas com o meio ambiente, pensando no valor dos consumidores, mas que não se importam com a qualidade de vida dos colaboradores? Vamos observar!
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Um abraço,
Marcia Breda
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Pedi demissão do meu emprego como Analista Administrativo em Novembro passado. No meu último dia lá, fiquei sabendo que, a partir de 2024, a regra seria presencial 3 vezes na semana (pelo menos) e home office desencorajado ao máximo. Decidi sair para mudar a minha vida, foi uma escolha pessoal. Mas por pouco não se tornou uma escolha estratégica e de autopreservação (a empresa ficava em outra cidade e eu saía de casa às 6h15 para voltar mais de 19h). Meu coordenador e gerente eram pessoas ótimas, muito abertas, eu me sentia à vontade para perguntar sempre que precisava e trocávamos muitas ideias. Mas eu sempre reparei neles comportamentos que, para mim, jamais funcionariam, por exemplo: ser acordado de madrugada para resolver problemas, perder finais de semana, ficar quando todo mundo ia embora... E como eram cargos de confiança, eles não batiam ponto e não recebiam pelas horas extras. Ainda há pessoas (acho que são mais da geração X) que acham que esse é o caminho para fazer acontecer, o famoso "vamo pra cima". Mas eu, como millenial, não tenho essa ambição por dinheiro nenhum no mundo. Quero ter a minha paz após as 18h (e ainda acho um exagero essa semana de 44 horas, totalmente desnecessário), sábados, domingos e feriados. Isso não é negociável pra mim. Assim como o home office. Nada paga você dormir mais tempo, não estar um completo bagaço ao final do dia e tantos outros mimos que pode oferecer a si mesma enquanto está em casa. Essa volta do presencial só vem com uma descarada vontade de todos os "líderes" por controle e exploração. Mas não vão mais enganar muitos, a verdade é que acordamos para uma realidade muito mais interessante durante a pandemia e essas empresas retrógradas só têm a perder (principalmente em talentos).